O agronegócio brasileiro é um dos principais pilares da economia nacional e, no Espírito Santo, a pecuária de corte e leiteira representam aproximadamente 12% do valor bruto da produção agropecuária. Um dos principais fatores responsáveis pelo crescimento da pecuária é a melhoria genética dos rebanhos, impulsionada por técnicas de seleção de reprodutores que aumentam a produtividade e a lucratividade dos pecuaristas. Para fomentar essa melhoria, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) criou o Programa de Melhoria da Qualidade Genética de Rebanho Bovino (Pró-Genética), que facilita o acesso dos pecuaristas a animais de genética superior por meio de feiras itinerantes de touros.

O Espírito Santo aderiu ao Pró-Genética em 2009, com o objetivo de aumentar a produção de carne e leite em pequenas e médias propriedades rurais, por meio do uso de touros melhoradores. Em mais de dez anos foram realizadas 34 edições de feiras de touros Pró-Genética no estado, com investimento em 635 touros. Todavia, as informações disponíveis nos registros do Incaper e da ABCZ sobre o programa são limitadas, muitas vezes contendo apenas as datas das feiras, o que demonstra a necessidade de estudos para avaliar o impacto dessas feiras na agropecuária capixaba e nos aspectos socioeconômicos dos produtores envolvidos.

O projeto teve como objetivo analisar os impactos socioeconômicos das feiras de touros Pró-Genética realizadas no Estado do Espírito Santo, visando desenvolver a pecuária estadual e melhorar a qualidade de vida das famílias rurais capixabas, que trabalham com bovinocultura.

Foram coletadas informações de 101 produtores rurais que participaram das feiras de touros realizadas no Espírito Santo até o ano de 2019, por meio de questionários aplicados aleatoriamente. Além disso, foram aplicados questionários com outros 89 produtores durante as feiras de 2021 e 2023 para avaliar a operacionalização e a dinâmica das feiras do Pró-Genética.

As feiras foram direcionadas para regiões com maior demanda e maior concentração de rebanhos de bovinos, tanto de leite quanto de corte, principalmente nas regiões norte e sul do Espírito Santo. Foi identificado que nas feiras houve predomínio de produtores de médio (55,79%) e pequeno porte (40,53%), indicando que as feiras têm sido acessíveis e atrativas para esses grupos, promovendo a democratização do acesso às melhorias genéticas.

A satisfação dos produtores com os touros adquiridos no Pró-Genética é alta, com relatos de melhorias significativas nos rebanhos, como aumento no peso da desmama e na produtividade, além de um maior valor agregado na venda de bezerros, resultando em um rápido retorno financeiro. Esse aumento de renda é percebido como uma melhoria na qualidade de vida dos produtores e de suas famílias. No entanto, alguns produtores ofereceram feedbacks negativos pontuais, sugerindo a necessidade de cuidados adicionais na operacionalização das feiras e na divulgação do programa.

Os resultados desse estudo podem orientar as decisões das assistências técnicas rurais e a otimização dos recursos humanos e financeiros em cada região estudada. Além disso, podem contribuir para proposições e realizações de ajustes e melhorias no Pró-Genética, visando atender melhor às necessidades dos pecuaristas capixabas.